Via radical – Malcom X e Black Power

    Á parte do movimento gerado por Luther King, existiu também na América um movimento de libertação dos negros. Anterior a Luther King, este movimento caracterizava-se por ser uma via radical e violenta, que defendia o recurso à autodefesa armada, em nome dos direitos humanos, que eram colocados acima dos direitos civis.

    Neste movimento, surgiu uma figura de relevo, de seu nome Malcom Little, mais conhecido por Malcom X. Terá aderido entre 1948 e 1951 aos Black Muslims de Elijah Muhammad, que relançavam como um separatismo radical o nacionalismo negro. Foi, a partir de cinquenta e dois, o grande protagonista e estreito colaborador Muhammad Ali nesta organização, no momento crucial em que este se começavam a transformar num movimento à escala Nacional. Malcom X, viria a romper com Luther King, por ocasião da marcha sobre Washington em 1963, por não estar de acordo com a via pacífica do pastor, e em 1964, devido a vários diferendos face à linha separatista do grupo radical e o conservadorismo de Muhammad, viria a retirar-se também do movimento Black Muslims. Malcom X viria a ser assassinado a 21 de Fevereiro de 1965, as suspeitas deste assassinato recaíram sobre adeptos do Ku Klux Klan (organização violenta e racista) o que veio gerar mais conflitualidade racial nos Estados Unidos.

    Na segunda metade dos anos 60, o Black Power era considerado um instrumento de luta pela ala radical do movimento negro. O Black Power nunca foi concretamente definido. Inicialmente, o conceito era sinónimo da consciência afro-americana em crescimento e do retorno às origens culturais e às tradições, dando voz à vontade de acabar com a situação humilhante que se vivia. O entanto, o Black Power, tratava-se para o seu criador, Stokeley Carmichael, de uma revolução social que exigia o abandono da Não-violência. “Se queremos realmente ser livres, temos de nos separar dos brancos, temos de criar as nossas próprias instituições: Bancos, Cooperativas, Partidos Políticos; temos de escrever a nossa própria história! O objectivo de Carmichael com o incentivo à radicalização do Black Power era a criação de um estado negro independente na América. Deste modo, estes apelos à luta armada, semearam o pânico entre a população branca da América.

    A ala mais radical do movimento Black Power, os Black Panthers, punha os apelos de Carmichael realmente em prática. Este grupo paramilitar, primava por realizar diversas acções sangrentas. Dirigidos por Dridge Cleaver e Bobby Seal, este grupo desenvolveu uma estrutura política, que defendia a via radical como um caminho viável para a liberdade. Muitos dos seus activistas morreram em confrontos armados, ou foram condenados a longas penas de prisão.

    Outubro de 1968, as tentativas de exaltar os negros passavam por este celebre episódio nos jogos olímpicos do México, quando dois dos vencedores negros manifestaram a sua posição quanto a este movimento. Esta atitude polémica levou à desqualificação dos mesmos, por alegado desrespeito á bandeira e competição Olímpica. Através deste episódio verificou-se que o movimento Black Power não se limitou apenas à América, mas sim a todo o mundo, afirmando a sua importância.

    O movimento Black Power viria a atingir o seu máximo poder, e, curiosamente a sua queda, nos meados da década de 70. Assim, concluímos que as minorias que durante os anos 60 e 70 que recorreram a acções radicais fracassaram. No entanto, os ideais do movimento Black Power, aliado a grande massa que se lhe juntou, tiveram o condão de abanar a consciência social do povo americano.