A cultura hippy e a intenção de Monterey

 

 

    Para que possamos continuar a defender a ideia atrás exposta, iremos fazer uma pequena abordagem do que é a cultura hippy. Uma vez que sabemos que os hippies ocuparam o recinto e, aí, pela primeira vez, se constituíram como uma espécie nova de “tribo” juvenil. A intenção dos hippies, dentro e fora deste Festival, era levar a sociedade americana a tomar consciência do que se passava à sua volta, fazer com que tirasse os olhos do seu quotidiano. Esse festival surgiu, não sendo apenas um simples festival, mas sim com o objectivo de demonstrar a importância que o movimento hippy tinha ao ganhar força e para a libertação de uma nova mentalidade. Mentalidade essa que estaria em conflito com a mentalidade vigente até a data, conservadora.

    Nesse festival, muitos jovens hippies, e não hippies, juntaram-se para demonstrar uma nova filosofia de vida. Esta era viver em comunidades, longe dos seus lares, dos seus pais, e longe de luxos. Como podemos, observar nesta imagem. Os jovens hippies no festival, estando todos em comunidade, sem luxos e sem pais presentes.

    Outro marco presente foi no festival foi a denúncia á guerra do Vietname, aos quais eles sempre contestaram, pois esta ia contra os seus valores.

    A musica de Jimmy Hendrix , nesse festival faz como uma denuncia a guerra com a sua letra Hey Joe. Em que Joe é um assassino e mata pessoas inocentes, era o que decorria na guerra. Os soldados invadiam aldeias e matavam as mulheres e crianças.

    Se nos reportarmos à actualidade e fizermos uma comparação com qualquer outro festival, como por exemplo o Rock In Rio, jamais teremos as mesmas repercussões, pois a imagem que uma nova cultura dava a conhecer ao mundo, conjugada com o seu estilo irreverente e inovador que ia contra as normas da sociedade do bem-estar à qual se mostravam profundamente contra, resultam no impacto e na visibilidade que actualmente temos conhecimento.

 

 

Afinal porque surgiram os hippies? Qual a origem do movimento hippy?

 

    Este movimento teve origem, no início dos anos 60 época em que ficou dominado pelo Baby Boom que foi o nascimento de muitos jovens principalmente nos EUA. Assim, os jovens americanos que estavam cansados de tudo o que a sociedade lhes tinha vindo a oferecer ao longo dos tempos iniciaram o movimento hippy. Pretendiam com este substituir toda a educação religiosa, política e social que a materialista sociedade do bem-estar lhes havia incutido. Como alternativa apresentaram um estilo de vida muito mais liberal, mantendo o respeito e a igualdade social entre todas as pessoas de todos os sexos, raças e religiões. Esses eram os ideais hippies. O termo "Hippy" é derivado de uma outra palavra inglesa: Hipster; que designava as pessoas dos Estados Unidos que tinham contacto com a cultura negra, por exemplo: Harry Gibson, "The Hipster". Esta designação surgiu a partir de Harry Gibson, que se intitulou como tal por conviver com indivíduos pertencentes à dita cultura negra, facto muito ligado à sua profissão pois era musico de Jazz e Blues. Como podemos observar na imagem, Harry Gibson num clube de Jazz, a tocar piano e a cantar com músicos negros.

    Porem, anterior aos hippies tiveram lugar os Beatniks, grupo de jovens escritores Americanos. Declamavam poesia, nas quais estava sempre presente as injustiças no mundo, gostavam de festas e encontravam-se em clubes de Jazz para declamar as mesmas. Estes tinham um estilo próprio: cabelos compridos, e óculos escuros a qualquer hora do dia.

    

    A primeira vez que se usou a palavra Hippy, foi num artigo de um jornal de São Francisco nos Estados Unidos. O jornalista Michael Fellon usou esta palavra para se referir aos jovens boémios (diferente dos velhos boémios da geração Beat), mas a palavra ainda demorou algum tempo para ser utilizada pela imprensa. O auge do movimento hippy deu-se durante a segunda metade dos anos 60. Formado por jovens alheios a todas as manifestações mundiais, greves e excursões, estes eram a favor da paz e da igualdade social. Esses jovens tinham um modo de vida comunitário e estilo de vida nómada; levantaram a crítica contra a guerra do Vietname; seguiam filosofias religiosas como budismo, hinduísmo ou até religiões da cultura norte-americana e mantinham-se em desacordo com os valores tradicionais da classe média americana. foi num artigo de um jornal de São Francisco nos Estados Unidos. O jornalista Michael Fellon usou esta palavra para se referir aos jovens boémios (diferente dos velhos boémios da geração Beat), mas a palavra ainda demorou algum tempo para ser utilizada pela imprensa.

    Tal como podemos observar na imagem, os hippies geralmente usavam cabelos e barbas compridos, roupas com cores brilhantes e alguns estilos incomuns na época, como calças boca-de-sino e camisas tingidas com cores de inspiração indiana.

    Como podemos observar nas imagens à direita, existia uma grande disparidade entre o estilo clássico e o estilo hippy, o que fazia destes mais “chocantes” aos olhos dos restantes cidadãos.

    Outra característica era a predilecção por músicas estridentes e também pelo rock psicadélico, o uso de incensos e o hábito da meditação. Faziam festas ao ar livre, como o famoso festival de Woodstock, em 1969; pregavam o amor livre (apesar disso, não toleravam a homossexualidade) consumiam drogas como marijuana, haxixe e LSD. Não mostravam interesse na participação política, eram adeptos do pacifismo e embora mostrassem descontentamento quanto à guerra do Vietname, costumavam evitar as manifestações anti-guerra pois o mais normal seria que resultassem em confrontos físicos, que iam contra o seu princípio de apelo à não-violência.

    

    Como podemos observar o símbolo da paz em que os hippies o usavam como forma de pacifismo. Este que transformou-se num verdadeiro ícone e associa a visão do mundo deste grupo à máxima «make love, not war». Esta marca leva-nos a sublinhar a evolução dos propósitos do movimento, no sentido da condenação sem limites, uma condenação radical, à Guerra do Vietname: dos princípios pacifistas se partiu, às manifestações contra o envio de jovens para o palco do conflito se fez o protesto essencial. As cargas policiais inflamaram os manifestantes e o processo subiu de tom: esta radicalização contou com a participação dos hippies, que acabaram por romper com uma desejada forma de estar pacifista.

    Tudo isto permite-nos defender que há uma espécie de convergência de tensões no decorrer no ano alucinante de 68, em que tudo se disputava nas ruas e em manifestações mobilizadoras, de milhares de jovens ao rubro. Os hippies conviveram com os militantes dos direitos cívicos, com os soldados deficientes vindos da guerra, com aqueles que rasgavam a caderneta militar e brandiam a solução de desertar. Fazia sentido, mas os tempos não eram de paz. A culpa era dos adultos e dos governantes. A sociedade estava errada e ambicionava-se outra forma de vida.

    Mesmo que a utopia hippie nunca se tenha realizado, a verdade é que os valores ficaram como referência, em prol da História: se os americanos perderam a guerra, parte deste desfecho deve-se, no plano interno,  à intervenção dos jovens e dos hippies. Desde aí, uma parte da Humanidade continua a defender o diálogo, a partilha, a natural forma de estar em comunhão colectiva.

    O exemplo que nos leva a defender a ideia de que o movimento hippie e a beatlemania, estavam directamente relacionados e que se propagavam por intermédio um do outro foi, a manifestação hippie liderada pelos Beatles que aconteceu no mesmo ano, quando a banda realizou um especial via satélite para diversos países, onde cantavam o novo hino à paz e ao amor: All You Need is Love - Letra composta por John Lennon que pregava a fraternidade e a tolerância entre os povos.

 

    Além de ser um movimento que pregava acima de tudo, a paz, o amor e a busca pelo prazer, a utopia hippy não abria espaço para injustiças sociais.
O facto, abaixo apresentado na imagem, que marcou muito a história hippy, aconteceu em Novembro de 1967, quando muitos deles participaram na Marcha ao Pentágono, ocasionaram um dos maiores confrontos entre os jovens e as forças militares. Com isso, podemos subentender que, o ano de 1968 seria essencialmente de confrontos político-ideológicos.

    Em 1969, assistimos agora ao cair das folhas das flores, que durante o auge deste movimento brotaram livremente, instala-se uma aparente apaziguação das hostes. Entre os dias 15 e 17 de Agosto ocorreu o maior festival de rock, chamado Woodstock Music & Art Fair, que se intitulava de: "Primeira Exposição Aquariana", que ficou mais conhecido simplesmente como o festival de Woodstock. O seu slogan era "três dias de paz e amor", neste já se observava um declínio do movimento que se veio mais tarde a confirmar quando, os Beatles se dissolveram, e Hendrix, Janis Joplin e Jim Morrison, outros ícones da época e do movimento, morreram levando o a perder aquela ingenuidade da década anterior. Não haviam mais as manifestações pela paz e mesmo as comunidades hippies já não seguiam os seus principais ideais. Tudo parecia realmente acabado nas palavras do próprio John Lennon quando se referiu aos Beatles, dizendo: "The dream is over".

    Anos mais tarde, na companhia de Yoko Ono, Lennon cantará ainda um hino ao pacifismo, poema, qual réstia do movimento dos anos sessenta – Imagine. Os ideais dos hippies não morreram, deixaram marcas para a história de todas as futuras gerações. Foi por isso que as pessoas se juntaram e choraram a morte de Lennon